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Milão 2025: o lar volta a ser protagonista

Pelas ruas de Milão, entre os dias 7 e 13 de abril de 2025, o que se via e ouvia era uma única percepção: a cidade nunca esteve tão efervescente em sua aguardada semana de design. Com compradores, curadores, designers, arquitetos e curiosos fazendo enormes filas para os mais de 500 eventos na cidade, ficou claro que estamos vivendo um interesse inédito pelo design em suas diferentes vertentes. E as marcas mais atentas não apenas percebem isso, elas se adaptam.

Vivemos uma transformação profunda no consumo de luxo.
Num mundo cada vez mais acelerado pelas redes sociais e pela estética globalizada, é difícil preservar a originalidade. E é justamente nesse contexto que marcas menores, autorais e de nicho encontram espaço para crescer. Assim como o algoritmo nos conecta a comunidades específicas, buscamos produtos que expressem um pertencimento verdadeiro — que não seja banal, nem massificado.

Se a moda se torna cada vez mais efêmera, o design de mobiliário e os artigos para casa caminham no sentido oposto: oferecem permanência, identidade e sensações que não podem ser copiadas em escalas estratosféricas. Definitivamente não a ponto de vermos réplicas estendidas em cima de lonas de camelôs nas calçadas!

Não à toa, a gigante Louis Vuitton (juntando-se das habitués italianas como Armani, Versace, Fendi e Dolce&Gabbana), lançando sua primeira linha de mobiliário, e a exclusiva The Row, apresentando discretamente sua linha de roupa de cama durante a semana de design, sinalizam o novo momento do luxo: aquele que se volta para a vida íntima, para o essencial bem-feito, para o que nos acolhe.
Mas o interesse não veio apenas das marcas de moda. Montadoras como Bentley, Audi e Land Rover também marcaram presença com instalações imersivas que dialogavam com arquitetura, materiais e o futuro do habitar. A Google ampliou o debate com uma experiência interativa que atravessa os limites entre design, digital e cotidiano: literalmente dobrando a luz diante dos nossos olhos. 

Entre modernismo, itens de colecionador e peças com desenho que carregam alma, o lar se transforma em um refúgio contra o ruído da repetição. Não há mais uma “cor do ano” ou uma tendência única. A abundância de texturas, cores, misturas de diferentes madeiras, vidros e pedras (as vezes em um único produto) revelam que todos os caminhos estão abertos — e a combinação entre forma original e materialidade de altíssimo padrão é o que diferencia o excelente do previsível.

É de percursos criativos como esse que projetos memoráveis nascem para quem deseja mais da vida em casa. Nos encontros, no tempo com os que amamos, cercados por experiências exclusivas — sejam elas um almoço feito com afeto ou um serviço personalizado que transforma o ordinário em especial — a decoração e o mobiliário ganham novo status: são conversa, história, memória e herança.

 

Texto:

Lucas Martini - Diretor Criativo